/HISTÓRIAS DO SAMBA – 47. Melancia

HISTÓRIAS DO SAMBA – 47. Melancia

 

  1. Melancia

 

Muito antes de se falar em globalização, o mundo do samba já era influenciado por modas que vinham de fora, até mesmo dos Estados Unidos. Pixinguinha inspirava-se no folclore que havia sido trazido pelas tias baianas da Praça Onze mas também no jazz. Como lembra Nei Lopes, a malandragem da década de 40 ficou vidrada no filme Tempestade de Ritmos (Stormy Weather), protagonizado por Bill Robinson, um dançarino sapateador negro, bem como todo o elenco.

A indumentária do filme logo foi adotada pelo pessoal do cais do porto e pela malandragem, ganhando em seguida o mundo do samba: jaquetões e chapéus de abas largas. Mas o ponto central do figurino eram as calças boquinha, que passaram a ser associadas diretamente à malandragem, inclusive pela polícia.

Um dos delegados mais duros e violentos do Rio, e isso não é pouca coisa, chamava-se Deraldo Padilha, Delegado Padilha para os “íntimos”. Quando punha a mão num suspeito, o Padilha fazia o “teste da malandragem”: jogava uma laranja dentro da calça do cara. Se ela ficasse presa na boca da calça o sujeito entrava em cana. Moreira da Silva relembrou esses tempos com humor em Olha o Padilha:

 

                     E jogou uma melancia, pela minha calça adentro,

                     que engasgou no funil