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Histórias do samba – 7. O golpe do balcão

7. O golpe do balcão

Essa é dos primórdios. Depois que o samba se tornou o prato principal da programação radiofônica começou a surgir um mercado para as composições visando a indústria fonográfica. O samba virou mercadoria e, como toda a mercadoria, passou a ser vendido, trocado e até roubado. A forma mais engenhosa era o “golpe do balcão”.
O esperto encontrava o compositor pela rua e logo o convidava pra tomar uma no bar por conta dele. Normalmente o sambista não recusava a oferta, muito pelo contrário. Ao chegar lá, os dois encostam num balcão, o esperto pede uma cerveja e aí começa: “E aí, rapaz, fizeste algum sambinha ?”. O compositor, animado, não resistia a cantar sua mais nova obra. Enquanto isso, do outro lado do balcão, um sujeito agachado anotava num bloco o samba que logo logo seria registrado pelo esperto como de sua autoria.
O sambista só ia descobrir quando ouvisse o samba tocando na rádio… aí já era tarde.

Marcos Alvito. Histórias do samba: de João da Baiana a Zeca Pagodinho. São Paulo: Matrix, 2013.